quarta-feira, 7 de novembro de 2007

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Garoto é morto pelo irmão

A namorada do garoto e o garoto morto são do segundo casamento, e o rapaz de 17 anos, do primeiro; segundo a polícia, resgate seria de R$ 45 mil
"Ele [o acusado] disse que o pai gostava mais do caçula do que dele, que tudo de melhor ia para o irmão", afirmou policial Edilson Rodrigues/CB
Peritos recolhem corpo de garoto de 12 anos que foi enforcadoMARIA LUIZA RABELLODA SUCURSAL DE BRASÍLIA Um jovem de 17 anos foi preso ontem acusado de, com a ajuda da irmã de 13 anos, ter seqüestrado e assassinado o irmão mais novo, de 12 anos.O crime ocorreu perto de Santa Maria, município a 26 km de Brasília. O rapaz de 17 anos é filho do primeiro casamento de um militar. A menina e o garoto assassinado são do segundo casamento.Segundo a polícia, o acusado mantinha um relacionamento amoroso com a irmã, e os dois teriam planejado seqüestrar o caçula para fugir com o resgate, no valor de R$ 45 mil.A polícia afirma que o jovem de 17 anos confessou ter enforcado o irmão em um matagal perto de casa, antes mesmo que o seqüestro fosse anunciado.Durante a apresentação dos acusados às TVs locais, o suposto autor do crime descreveu o assassinato a uma emissora de TV. "Peguei uma fita de construção e matei.
Ele [vítima] só queria ser o filhinho do papai. Matei porque a minha irmã pediu [...] Ela não acreditou que eu ia matar, aí eu matei." A menina não participou da entrevista aos jornais locais."Ele disse que o pai gostava mais do caçula do que dele, que tudo de melhor ia para o irmão", afirmou a diretora da DRS (Divisão de Repressão a Seqüestros), Suzana Machado.Segundo ela, o acusado passou a morar recentemente com o pai, a madrasta e os dois irmãos, filhos do segundo casamento do pai, e esses tinham conhecimento do namoro entre o adolescente e a menina.Segundo a polícia, o plano era simular o seqüestro do caçula. Às 10h de segunda, a família recebeu uma ligação a cobrar, feita de um telefone público, anunciando o seqüestro. Acionaram a DRS, que, ao chegar à casa da vítima, desconfiou do comportamento do irmão mais velho, visivelmente nervoso."A madrasta disse que o mais velho é usuário de drogas, não trabalhava nem estudava. A própria família deu a entender que ele poderia estar envolvido", afirmou Suzana Machado.Ao interrogar o irmão mais velho, a polícia chegou à casa de Deivid Santos Silva, 20, onde estava a irmã de 13 anos.
Ela negou envolvimento no crime até o momento em que o suposto autor confessou, sempre segundo o relato da polícia, ter enforcado o irmão.Depois disso, segundo a polícia, a menina mudou a versão. Contou que, por volta das 17h, convenceu o caçula a entrar em um matagal para olhar ninhos de passarinhos. Ao chegarem ao local, o irmão mais velho estava lá e cometeu o assassinato."A menina demonstrou alto grau de inteligência, é uma artista. Durante várias horas, manteve a versão de que era vítima. Só assumiu ter participado do seqüestro depois que o namorado confessou", disse o delegado Leandro Ritt. A polícia achou o corpo do caçula após quatro horas de busca em uma área de reserva da Marinha, onde a família mora.Os dois adolescentes estão sob custódia da Justiça e, se condenados, receberão pena máxima de três anos de reclusão em centros juvenis.Pedro Gabriel Felipe dos Santos, 20, e Deivid Santos Silva foram presos em flagrante, acusados de ceder o carro e a casa, respectivamente.
Bruno Mesquita, 19, também foi preso, na tarde de ontem, por suspeita de participação no seqüestro -ele iria ceder um celular que seria usado nas negociações. Mesquita teve uma passagem pela polícia por homicídio em 2006, quando ainda não tinha 18 anos.Os três acusados devem responder por "extorsão mediante seqüestro com resultado morte". A pena para esse crime varia de 24 a 30 anos de prisão, com o agravante de a vítima ter menos de 18 anos.O pai dos três jovens é sargento da Marinha e, segundo depoimentos de familiares, receberia uma quantia em dinheiro como custeio de uma transferência profissional para o Rio de Janeiro."O pai está meio apático, parece não entender o que a gente fala", afirmou Machado. Ainda de acordo com a polícia, a mãe do caçula disse que ele era um ótimo estudante.

Obra expõe face amarga do criador de Snoopy

Biografia lançada nos EUA retrata Charles Schulz amargo e sarcástico
David Michaelis pesquisou a vida do cartunista, morto em 2000, por seis anos, para contar casos reais que foram transpostos para as tirinhasRAQUEL COZERDA REPORTAGEM LOCAL Do telhado de sua casinha, no início dos anos 70, Snoopy batucava na máquina de escrever: "Docinho, sentiu minha falta?". As cartas de amor eram o começo da prolífica fase do beagle como escritor nas tiras da série "Peanuts". Eram também declarações do cartunista americano Charles Schulz (1922-2000) para uma moça por quem se apaixonara antes de se separar da primeira mulher. A transposição do romance de Schulz para os desenhos foi apenas uma das descobertas que o escritor norte-americano David Michaelis, 50, fez após seis anos mergulhado na vida e na obra do criador de Snoopy e Charlie Brown. Ela está em meio às 650 páginas da biografia "Schulz and Peanuts: A Biography", lançada mês passado nos EUA e sem previsão de lançamento no Brasil. O cartunista, que completaria 85 anos no próximo dia 26, tinha o costume de reproduzir situações exatas de sua vida nos desenhos. "Ele nunca escondeu que havia muito de si nas histórias, mas é surpreendente a quantidade de recados que deixou nas tiras", diz o autor à Folha, por telefone, de Nova York. Michaelis entrevistou mais de 200 parentes e amigos e se debruçou nas 17.897 tiras criadas pelo artista ao longo de 50 anos, hoje nos arquivos da United Media, que detém os direitos de "Peanuts". O Schulz que resultou dessa pesquisa é amargo e sarcástico, capaz de guardar rancores por décadas. Michaelis constatou casos já conhecidos, como o de que Donna Johnson, uma ex-colega que rejeitou um pedido de casamento de Schulz, inspirou a Garotinha Ruiva, o amor não-correspondido de Charlie. Mas descobriu, também, outras motivações. Lucy, sempre mandona e egoísta, dividia com Charlie Brown muito do que o cartunista vivia em casa com sua primeira mulher, Joyce. O casamento dava o tom da relação de Lucy com Schroeder -ela, sempre pedindo atenção; ele, envolvido com sua arte. Tais conclusões causaram mal-estar na família de Schulz, que ajudara Michaelis desde o primeiro contato, em 2000, três meses após a morte do cartunista. Ao responder ao e-mail do escritor, a viúva, Jean Clyde, contou que uma das últimas leituras de Schulz fora a biografia do ilustrador N.C. Wyeth -de autoria de Michaelis. "Era o voto de confiança de que precisava", avalia. DistanciamentoJean garantiu acesso a cartas e documentos. Mas, quando o livro ficou pronto, ela e outros parentes renegaram a imagem que encontraram. Schulz, argumentaram, era alegre e divertido. "Dei a eles a chance de fazer correções, mas o fato é que a família não tem distanciamento para julgar a vida de alguém que ama", diz Michaelis. Filho de um barbeiro alemão e de uma dona-de-casa de família norueguesa, Schulz levou para as tiras o cenário de distanciamento no qual foi criado. Em "Peanuts", a indiferença, mais do que a rejeição, é a resposta mais comum ao amor. Nada que, segundo Michaelis, não pudesse ser reconhecido na atitude de Dena, mãe de Schulz, a quem a biografia descreve como uma pessoa "distante, evasiva". Dena morreu com câncer um dia antes de Schulz, convocado para a Segunda Guerra, partir para o quartel. Sua última -e traumática- frase para o filho, "Nós provavelmente nunca mais vamos nos ver", seria reproduzida num diálogo em que Marcie e Patty Pimentinha falam sobre Charlie Brown.

SCHULZ AND PEANUTS: A BIOGRAPHY
Autor: David Michaelis
Editora: HarperCollins (importado)
Quanto: US$ 21 (cerca de R$ 37)
655 págs

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