terça-feira, 2 de março de 2010

Briga entre gigantes

Google acusa Microsoft de orquestrar uma série ações contra ele por suposto abuso do poder de mercado

David Alandete,
Em Washington
Uma nova batalha reavivou a grande guerra da Internet. O Google acusa a Microsoft de orquestrar uma série de ações que várias pequenas empresas da Internet abriram contra ela por suposto abuso de poder de mercado. Em resposta, a Microsoft nega ter planejado qualquer operação de assédio à que já é sua principal concorrente no mercado das máquinas de busca, pois no mês de fevereiro passado o governo americano a autorizou a fechar uma aliança publicitária com a segunda máquina de buscas da rede, o Yahoo. Google e Microsoft entraram em uma insólita e dura troca de acusações, uma verdadeira guerra fria comercial na rede.

"É claro que nossas concorrentes buscam ansiosamente nos tribunais de todo o mundo queixas contra a Google às quais possam aderir, para aprender mais sobre nossas práticas de negócios e utilizar essa informação para ampliar ainda mais as ações por supostas práticas pouco competitivas", explicou na segunda-feira (1º) o porta-voz da Google, Adam Kovacevich.
A Microsoft, através de seu porta-voz Jack Evans, respondeu: "É de domínio público que um número crescente de consumidores, empresas e governos manifestam preocupações pelo comportamento do Google e por sua posição dominante no mercado, e não é nenhum segredo que compartilhamos essas preocupações. Não deveria surpreender a ninguém que com frequência apareçam entidades que creem ter sido prejudicadas pelo Google ou que animemos qualquer uma que tenha uma queixa legítima a entrar em contato com as autoridades pertinentes".

O Google quis ver nas recentes ações contra ela uma guerra de guerrilha que, na verdade, seria uma operação maciça de assédio atrás da qual se esconde a Microsoft. O Departamento de Justiça dos EUA autorizou no último dia 18 a Microsoft a fechar um acordo pelo qual utilizará a tecnologia da máquina de buscas Yahoo, uma aliança virtual para enfrentar o Google. Hoje o Google detém 65% do mercado de buscas nos EUA, segundo dados da ComScore. Em nível global, e segundo a StatCounter, o Google detém 90% do mercado. Yahoo e Bing, combinados, 7%. Essa situação de predomínio preocupa muitos concorrentes. Alguns, pequenos em comparação de volume de buscas, processaram o Google.

Na semana passada a Comissão Europeia revelou que havia aberto uma investigação preliminar depois de ter recebido três queixas por supostas práticas monopolistas na forma como o Google administra sua máquina de buscas. Foi o Google, em um blog corporativo, que revelou os nomes dessas três empresas. Além disso, explicou que duas delas estão estreitamente relacionadas à Microsoft. Uma delas, a Ciao!, é um comparador de preços alemão que a Microsoft adquiriu em 2008. A Foundem é outra máquina de buscas e comparador de preços britânica, fundada em 2005. Pertence a uma aliança chamada Icomp, dedicada a fomentar a competitividade no mercado online. Em seu site na web revela que recebe "financiamento dos membros contribuintes e fundos da Microsoft".

Em janeiro passado, a mesma empresa apresentou uma queixa na Comissão Federal de Comércio dos EUA porque o Google inclui anúncios publicitários de suas várias divisões comerciais nos resultados de suas buscas. "A colocação preferencial do Google Maps nos primeiros lugares do resultado das buscas do Google, que começou em maio de 2007, teve um papel significativo em eliminar a MapQuest de sua posição como serviço de mapas líder nos EUA", explica como exemplo. A Foundem conclui: "O mecanismo universal de buscas do Google representa uma ameaça imediata à competitividade e à inovação livres". E acrescenta: "Existe uma necessidade urgente de restringir o domínio do Google, seja através de competitividade ou de regulamentação".

Na segunda-feira (1º) o jornal de Nova York "The Wall Street Journal" revelou também que uma pequena empresa de Ohio processou o Google por suposta posição monopolista. O advogado que a representa é Charles Rule, que colaborou com a Microsoft desde a década de 90. Em um artigo de 1997 publicado na revista "Slate", Rule escreveu: "Não é um crime que uma empresa tenha sucesso. As leis antimonopólio foram criadas para complementar, e não para deslocar, as forças de mercado. O mesmo que o Google defende hoje.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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