sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Brasil Pós-descobrimento

Aspectos do Brasil Pré-colonial (1500-1530)
Por: Luís Hansen

Depois de ser descoberto, o Brasil só foi colonizado por terra a partir de 1526, antes disso, apenas algumas expedições de exploração foram realizadas, para nomear e conhecer a costa brasileira. Nessas expedições, o pau-brasil começou a ser explorado, e, vendo que ele poderia originar um negócio lucrativo, outros países, como a França, começaram a contrabandear essa madeira. Para isso, foram criadas as feitorias.
As feitorias eram ligadas a ideia de colonização e de exploração. Ou seja, as feitorias eram construídas a fim de marcar território e de extrair produtos para Portugal.
Estas funcionavam como mercados, armazéns, alfândegas, defesa e ponto de apoio aos navegadores. Ainda podiam servir como sedes de governo. Foram as feitorias que fizeram com que Portugal se instalasse e se expandisse em territórios sem que precisassem de muitos recursos humanos ou territoriais. A primeira feitoria construída no Brasil foi a de Cabo Frio, por Américo Vespúcio, em 1504. Ela marcou o início da colonização portuguesa nas terras hoje conhecidas como Brasil.
Como as feitorias representavam o comércio local, alguém tinha que administrá-las. E estes eram os feitores, que cuidavam das feitorias sob todas as suas funções. Com o tempo, as feitorias cresceram, e as obrigações dos feitores também. Começaram a controlar o comércio local e depois passaram a representar o rei de Portugal aqui no Brasil, realizando negócios e recolhendo o quinto (imposto da época).
As expedições que ocorreram nesse período, essas que fizeram as feitorias, foram:
1501 - Gaspar Lemos (Comandante)

Objetivo: Percorrer e conhecer o litoral das terras conquistadas
Ações: Nessa exploração, que tinha na tripulação Américo Vespúcio, foi percorrida a costa sul, desde o Cabo de Santo Agostinho até (talvez) 35º de latitude sul.
Resultados: foram descobertos e nomeados a Baía de Todos os Santos, Angra dos Reis e a Ilha de São Sebastião. Foi constatado que o litoral tinha várias extensões de terra com o Pau-Brasil.

1503 – Gonçalo Coelho (Comandante)

Objetivo: Explorar o litoral e fundar feitorias. A expedição aconteceu por causa de um acordo assinado entre a Corte Real e alguns comerciantes ricos de Lisboa, como Fernão de Noronha.
Ações e Resultados: O litoral é explorado e Américo Vespúcio funda a feitoria de Cabo Frio.

1516 – Cristóvão Jacques (Comandante)

Objetivo: Combater o contrabando de Pau-Brasil pelos franceses.
Ações: Fundação da feitoria de Cristóvão Jacques, descobrimento do Rio Prata.
Resultados: Poucos, afinal, a costa do Brasil era (e ainda é) muito extensa para ser totalmente patrulhada.

Como foi dito, a ocupação do Brasil não teve início efetivo até 1526, quando o Governo português começou a ocupar a terra para não perdê-la nas mãos de estrangeiros. Mesmo três décadas depois de declarar a posse das terras no continente sul americano, Portugal ainda não tinha uma estratégia definida para aproveitá-la no contexto de sua política expansionista e mercantilista, a corte não queria perdê-las, mas não sabia a melhor forma de explorá-las. Enquanto isso, o principal produto explorado aqui na época era o pau-brasil (árvore, hoje, rara e em extinção), o qual era utilizado para tingir tecidos, só que não se comparava, naquele momento, ao ouro, aos escravos, à seda, ao cravo e à pimenta e canela trazidas da África e da Ásia. Os portugueses também exploravam os índios no período, dando objetos como espelhos, escovas e colheres para os nativos, que trabalhavam na extração do pau-brasil. Essa prática era conhecida como escambo.
Como já havia sido dito, o lucro que o pau-brasil dava era inferior aos lucros que as especiarias indianas davam a Portugal. Por isso, em 1503, uma organização de cristãos novos (de origem judaica) chefiados por Fernando de Noronha se comprometeu a extrair madeira para a Coroa Portuguesa por três anos. Depois, esse contrato foi prorrogado em 1506, 1509 e 1511, terminando em 1515. Eis as obrigações da Cia. Fernando de Noronha:
- Enviar seis navios anualmente;
- Explorar, desbravar e cultivar, cada ano, uma nova região de 300 léguas;
- Construir nessas regiões fortalezas e guarnecê-las durante o prazo do contrato;
- Pagar uma taxa fixa de 4.000 ducados por ano;
- Destinar à Coroa, no segundo ano do arrendamento, a sexta parte das rendas auferidas com os produtos da terra, e, no terceiro ano, a quarta parte das mesmas.
Tão grande foi a movimentação desse negócio (exportavam 20.000 quintais por ano) durante o arrendamento do Brasil a Fernando de Noronha que esse período foi chamado de ciclo do pau-brasil.
O descobrimento do Brasil também causou impactos na Europa. O eixo econômico, antes localizado na região dos portos do Mar Mediterrâneo, agora foi para os portos do Atlântico.

Processo de Ocupação do Brasil
 
     
De início, os portugueses não tinham grandes interesses pelo Brasil, já que estavam interessados com o comércio de especiarias na África e Ásia, principalmente devido à descoberta de uma nova rota até a Índia, por Vasco da Gama. Como não se havia descoberto minerais preciosos até então no Novo Mundo, e o pau-brasil não proporcionava um lucro tão grande, apenas algumas poucas expedições foram realizadas até 1530.
Porém a situação mudou quando foi introduzida a cultura de cana-de-açúcar, proveniente da ilha da Madeira. Assim, deu-se início à agricultura comercial no Brasil. Porém, com isso surgiu também a necessidade de uma agricultura de subsistência e de uma criação de gado. Esta foi realizada primeiramente na capitania de São Vicente, e depois em Salvador, de onde se espalhou para o resto do território.
      O açúcar, naquela época, era um bem extremamente valioso, sendo caro e disponível apenas aos mais ricos, que ainda assim usufruíam de quantidades pequenas. O aumento de sua demanda na Europa foi o gatilho que fez com que Portugal começasse a estabelecer engenhos em todas as capitanias hereditárias, e arrecadando muito capital com sua revenda.
      Com o objetivo de explorar mais a fundo o território, foram realizadas as entradas e, mais tarde, as bandeiras.
      A primeira eram excursões organizadas pelos governadores e financiadas pela corte, e tinha como objetivo a captura de indígenas e a procura por ouro e prata. As principais partiram da capitania de São Vicente; e muitas delas acabaram formando vilas e cidades no interior do território.
      As bandeiras também eram destinadas ao interior inexplorado do Brasil, porém eram financiadas por comerciantes e fazendeiros, e eram compostas por aventureiros e mamelucos (filhos de branco com índio) paulistas. Através do ponto de vista atual, pode ser dito que os bandeirantes, como foram chamados, eram bandidos. Isso se deve ao fato de que à medida que iam adentrando o território, violavam índias, capturando várias delas como concubinas; matavam e escravizavam indígenas, além de cometerem outras atrocidades. Porém, definitivamente, as bandeiras, assim como as entradas, tiveram papel fundamental para o desenvolvimento da Colônia portuguesa, já que contribuíram para o processo de interiorização, criando as primeiras vilas distantes do litoral; proporcionaram um aumento do território, à medida que ocupavam áreas que pertenciam originalmente à Espanha.

Referência:
Brasil História e Sociedade, de Francisco. P. Teixeira
História Global: Brasil e Geral, de Gilberto Cotrim
Atlas da História do Mundo - Publicações do jornal "The Times", publicado como livro pela "Times Books", uma divisão da Harper Collins Editores. Editado por Geoffrey Parker. 1993 - "The Times Atlas of World History".

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